A história das instituições de saber no Brasil além de ser recente sempre teve o controle assíduo dos jesuítas ainda preocupados com a salvação das almas; Este quadro iria mudar inicialmente com a chegada D. João VI, no começo do século XIX, que não apenas trouxera sua corte, mais todo o aparato de domínio metropolitano para Brasil. Tendo como conseqüência criação de ambientes de caráter cultural onde se pudesse estabelecer a história institucional local assim foram criados: a empresa regia, a Biblioteca ,o Horto Real,o Museu Real;Contribuindo assim para reproduzir cultura e memória.Mesmo depois das mudanças ocorridos pela volta de D. João e ascensão de seu filho D. Pedro I ,que culminaria em outros eventos que levaria a independência do Brasil, não foi deixado de lado a preocupação com as instituições de conhecimento tanto que logo após a consolidação da independência foi fundado o primeiro instituto de historia e geografia brasileiro em 1838.
Fatos ocorridos na década de 70 iriam fervilhar entre os intelectuais, estes por sua vez vinculados as elites econômico-financeiras, contribuiriam para futuros debates no entorno do problema racial no Brasil, promovendo teses européias em alta dentre os assuntos nacionais, isso era visto, por exemplo: em São Paulo onde majoritariamente se adotava o modelo liberal de análise, no Recife onde predominava o Social-Darwinismo de Haeckel e Spence. Desses vieses começava a discutir questões estratégicas misturas aos conflitos sociais. Isso se nos ater-nos a crise na escravatura iniciada em 1871, com a promulgação da lei do ventre livre ,que mesmo moderada iniciaria um processo de fim deste sistema de trabalho,que começava a sofrer ainda mais pressão externa.
Em meio a isso, com emergência de uma nova elite profissional ligada ao modo liberal na sua retórica passa a usar o discurso cientifico evolucionista como modelo de analise social, este modelo serviria para explicar as diferenças internas ,onde se faziam a diferenciação social de acordo com a variação racial, assim negros ,africanos trabalhadores ,escravos e ex-escravos,os ditos classes perigosas ,seriam responsáveis pelo atraso civilizatório do Brasil devido a sua inferioridades de suas raças segundo Silvio Romero,o estudo dessa classe tornam-nos “objetos da ciência”.
Essa discussão que girava entorno do meio intelectual brasileiro era reflexo das tendências da época ,onde a ciência começava a ganha mais independência , deixava de ter o caráter de sacerdócio, e passara estar presente entre os homens educados da Europa.No Brasil esta ciência não era tanto experimental ou sociológica de E. Durkheim ou de Weber o que se divulgava e se consumia era o modelos evolucionistas e social-darwinistas originalmente, pois foram popularizadas enquanto justificativas teóricas para dominação imperialista. Porém essa ciência ganhou um caráter de divulgação, pois se consumia mais manuais e livros de divulgações cientificas do que obras ou relatórios originais.Neste momento a ciência penetraria no Brasil primeiro como moda e muito tempo depois como pratica e produção.Nisso os meios de comunicação ajudavam a divulgar tais teorias ,como os jornais( Província de S.Paulo) e alguns romances( A Esfinge,O Ateneu,e principalmente O chromo de Horacio de Carvalho),mas toda essa propaganda não conseguiria atingir com eficiência o povo mais simples e esse progresso cientifico moderno,principalmente as questões medica-sanitarista o que acarretaria a revolta da vacina.
É preciso entender não só a penetração desses ideários científicos, como a lógica peculiar de sua inserção no país, as releituras próprias e esse contexto e entender principalmente por que se elegiam as teorias raciais de analise em detrimento de outros modelos de sucesso da época.
Analisando as teses de alguns viajantes europeus que passava pelo Brasil, acaba ganhando uma vertente pessimista, tornando-se exemplo de nação degenerada de raças mistas,exemplo era Thomas Buckle,determinista climático aponta a vegetação como principal motivo para degeneração do homem brasileiro. Se compararmos as visões de outros teóricos, não só o Brasil sofre criticas mas o continente como um todo, a exemplo de Rousseau que iniciou sua observação sobre o “bom selvagem”,e conceitos de perfectibilidade como evolução, porem a visão de Buffon colocava vários grupos americanos como imaturos,como também decaídos seu textos da natureza do novo mundo são claramente anti-americanistas.
Essa visão do Buffon no contexto intelectual do século XVIII iria consolidar herança humanista, herdeira da revolução francesa, que naturalizava a igualdade humana, já no século XIX teria uma postura mais influente, de correlações rígidas entre o patrimônio genético, aptidões intelectuais e inclinações morais. Discussões em torno da tradição igualitária da revolução francesa onde se considerava vários grupos como “povos” ou “nações” e jamais como raças diferentes em sua origem e conformação. Todavia esse termo não iria deixar de ser usado principalmente na literatura e o discurso de raça surgia com maneira variante de debate sobre cidadania onde discorria - se mais sobre modelos de determinação de grupos biológico do que sobre o arbítrio do individuo entendido como resultado de uma reificação dos atributos específicos da sua raça. Surgia assim um entrave entre teorias do monogenismo e poligenismo.
Onde essas duas vertentes aglutinaram diferentes autores que na época enfrentaram o desafio de pensar a origem do homem. De um lado, a visão monogenista, que congregava conforme escrituras bíblicas que a humanidade teria uma origem uma, o homem teria uma fonte comum e a variação existente seria uma degeneração ou uma perfeição do Éden. E a humanidade era perfeita dependendo da proximidade deste éden. A outra teoria surgida em meados do século XIX ia de contra a teve monogenista de dogma da igreja,mas tinha argumentos plausíveis devido e sofisticação das ciências biológicas,partiam esse autores da crença de existência de vários centros de criação que correspondiam,por sua vez ás diferenças raciais observadas.
A versão poligenista permitia, uma interpretação biológica na analise dos comportamentos humanos, que passam a ser crescentemente encarados como resultado imediato das leis biológicas e naturais, e foi fortalecido pela criação da frenologia e da antropometria teorias que interpretavam a capacidade humana tomando em conta o tamanho e proporção do cérebro dos diferentes povos.
Com a publicação de A origem das espécies, em 1859 que este embate entre poligenistas e monogenistas tendia a amenizar-se.É fato de que Charles Darwin dispunha de predecessores bem como aliados que sustentavam pontos chaves de sua teoria.O darwinismo forneceu uma nova relação,com a natureza ,e aplicado a varias disciplinas sócias:antropologia ,sociologia ,história, teoria política e economia formaria uma geração Social-darwinista.
Desta geração via a miscigenação de maneira pessimista, pois acreditava que não se transmitiam caracteres adquiridos, nem mesmo por processo de evolução social. Criou-se então a eugenia (a boa geração) com o intuito de controlar certos tipos de uniões consideradas nocivas a sociedade.
Trazendo este prisma de debates para realidade brasileira , a adoção de teses raciais adquiriu mesmo sendo uma copia ,significados contextuais que leram a situação social,política e econômica do pais. Onde estes questionamentos raciais ganhariam espaços dentre os meios institucionais vigentes, principalmente entre homens de ciência, se o primeiro constara no texto da lei , nos romances naturalistas ,nas teses cientificas,seja na areia de direito ,medicina nas ciências naturais ou na historia.Se de um lado esses homens da ciência e da medicina viam na mistura das raças o pior dos problemas ,o veneno da sociedade,se via responsáveis pela cura do outro homens da lei se afastavam do debate teoricamente,por defenderem um estado liberal no país ,mas temerosos com os efeitos da grande guerra e da mestiçagem acelerado.deixando um vácuo na maneira de agir diante de uma sociedade composta de uma população de varias raças ainda não preparada para cidadania.
Se avançarmos um pouco sobre esta discussão com os paradigmas de aceitação cientifica de modelos raciais na ma humanidade divida em espécies, Gilberto Freyre, esse país seria culturalmente miscigenado, passava vigorar como uma espécie de ideologia não oficial do estado, mantida acima das clivagens de raça e classe e dos conflitos sócias da época. Neste contexto ira ocorrer a inversão das imagens como, por exemplo, a troca da imagem do Jeca Tatu, mestiço personagem de Monteiro Lobato, personagem mulato cheios de lombrigas pela personagem da Disney Zé Carioca exaltando de maneira exótica a malandragem as artimanhas desta suposta raça brasiliera.
Nenhum comentário:
Postar um comentário